domingo, 18 de novembro de 2012

TÉCNICA DE ARBITRAGEM

O tema que hoje vou tratar neste meu espaço inteiramente dedicado a arbitragem e a TECNICA DE ARBITRAGEM, um tema que considero de extrema importancia para um bom desempenho das nossas duplas de arbitragem e que nem sempre é convenientemente aplicado, e que por nao o ser acaba e muito por  prejudicar as prestações dos arbitros nos jogos que dirigem

Quero desde ja ressalvar que tudo aquilo que aqui escrevo e unica e simplesmente da minha inteira responsabilidade, sendo as opinioes meramente pessoais, baseadas na minha experiencia enquanto ex-arbitro e fundamentada naquilo que tenho vindo a constatar ao longo dos anos em que estive ligado a arbitragem, quer como arbitro, quer como colaborador do departamento de formaçao da FAP, quer agora como delegado

Aquilo que tenho vindo a observar e uma ma colocaçao dos arbitros no terreno de jogo, falta de comunicaçao entre os elementos das duplas, falta de definiçao em relaçao as funçoes dos elementos da dupla durante a conduçao de um jogo, etc.etc. Por isso vou aqui deixar algumas dicas no sentido de poder ajudar os nossos arbitros a melhorarem as suas prestações nos jogos tendo por base a utilizaçao da técnica de arbitragem

Para tal começo por salientar que a tecnica de arbitragem implica a aplicaçao de aspetos tão importantes e simples como:
   
          COLOCAÇÃO DOS ARBITROS NO TERRENO DE JOGO
          MOVIMENTAÇAO DOS ARBITROS EM CAMPO
          DIALOGO ENTRE OS ELEMENTOS DA DUPLA ( DIALOGO MUDO )
          APROVEITAMENTO DOS MOMENTOS IDEAIS PARA EFETUAREM AS TROCAS

Relativamente a colocação dos arbitros em campo aquilo que tenho vindo a verificar ao longo dos anos é que os arbitros, e principalmente os arbitros centrais, apos ultrapassarem a linha do meio campo "acampam" num determinado sitio e parece que tem cola nas sapatilhas pois dai nao saem a nao ser que tenham que ir para arbitros de baliza ou porque tem que ir para a linha de 7 metros.

Essa é uma postura completamente errada, pois os arbitros ao "acamparem" numa determinada zona do campo e dai nao sairem vao ter serias deficuldades em analisar os lances e por consequencia farao juizos completamente errados pois nao estao devidamente colocados para poderem fazer o julgamento correto dos varios lances.

COMO CORRIGIR ISSO

A melhor forma de corrigirem essa situaçao e poderem ter uma melhor visibilidade dos lances  que lhes permita terem um melhor e mais correto julgamento dos lances é a utilização das DIAGONAIS do campo, ou seja, devem estar posicionados no lado oposto ao lado da circulação da bola. Se utilizarem este tecnica verificarão que tem uma maior visibilidade do campo e por consequencia uma melhor visibilidade para poderem julgar melhor os lances. Estar parados num sitio só anula completamente o seu angulo de visão pois estão sistematicamente nas costas do atacante,sendo que a unica coisa que conseguem ver são as costas do atacante e nunca a bola, e muito menos a atuaçao do defesa em relação ao atacante

Mas a ma colocaçao no terreno de jogo nao e so do arbitro central pois o arbitro de baliza tambem tem por norma estar mal colocado e tem por defeito olhar para todos os lados menos para aquilo que deve olhar.
Compete ao arbitro de baliza tomar conta de todas as ocorrencias que acontecem junto a linha dos seis metros, como a movimentaçao dos pivots, as violaçoes, e os lances que originam situaçoes mercedoras da marcaçao de livres de 7 metros. Acontece que a maior parte das vezes os arbitros de baliza estao mais preocupados com a circulaçao da bola aos 9 e 10 ou mais metros, estao mais preocupados em olhar para a bancada,  e por isso descuram completamente aquilo que sao as suas competencias. É tambem um enorme defeito dos arbitros de baliza estarem constantemente a apitar lances que acontecem aos 9 ou 10 metros e que são da competencia do arbitro central, esquecendo-se de que ao faze-lo estao a descurar a sua zona de ação e ao mesmo tempo estão a passar ao colega um autentico ATESTADO DE INCOMPETENCIA, o que numa dupla é uma situação completamente intoleravel.

Relativamente ao momento ideal para as trocas quero referir o seguinte:

Tenho verificado que há duplas que estao com a mesma equipa quase 10 minutos ( para o trabalho da dupla é mau).Se tivermos um jogo em que uma equipa tem uma forma de defender muito agressiva ( e por vezes ate a roçar o violento ), o arbitro que está com essa equipa acaba por ser o "mau da fita", pois sera ele sempre a sancionar disciplinarmente os jogadores da mesma equipa enquanto que o outro ( porque a outra equipa tem uma postura diferente ) acaba por ser o "bom da fita".

Esta situação corrige-se facilmente se os arbitros usarem o dialgo MUDO entre eles, dialogo esse que nao é mais que a utilização de sinaleticas previamente estipuladas entre os elementos das duplas e que lhes permite usar as trocas com maior regularidade. Essa sinaletica pode ser um simples gesto de cabeça, um sinal feito aquando da validaçao de um golo pelo arbitro de baliza que quando levanta o seu braço para validar o golo com um dedo pode indicar ao colega o lado para que este deve ir, etc. Pode ser tambem estabelecido pelos elementos das duplas que devem fazer as trocas a cada 5 ou 6 minutos ou entao devem aproveitar os chamados momentos OTIMOS para procederem ás trocas.

QUAIS SÂO OS MOMENTOS OTIMOS ?

Durante um jogo ha varios momentos que podem ser designados por momentos otimos para serem aproveitados pelos arbitros para procederem as trocas e que são:

   TIME OUT DE EQUIPA
   TIME OUT POR LESAO DE UM JOGADOR, PARA MANDAR LIMPAR O RECINTO, ETC
   EXCLUSAO DE UM JOGADOR
   SANÇÃO DISCIPLINAR A UM OFICIAL
   MARCAÇÃO DE UM LIVRE DE 7 METROS

Estas são algumas dicas que aqui deixo e que julgo serem importantes para que os arbitros possam ter um melhor desempenho nas suas dificeis funções de arbitros de andebol














quinta-feira, 1 de novembro de 2012

FORMAÇÃO

Hoje vou dedicar algum tempo a um tema que considero de extrema importancia e que muito devia contribuir para o melhoramento e desenvolvimento da arbitragem em Portugal.
O tema a que me proponho hoje abordar não é mais nem menos que o tema "FORMAÇÃO".

E ao aborda-lo vou fazer um certo paralelismo entre aquilo que foi a formação de jovens árbitros em tempos que já la vão ( Presidencia do Sr, Luis Santos ), e a atual formação da FAP.

Como é do conhecimento geral durante muitos anos a FAP constituiu um departamento de formação de jovens árbitros do qual tive um enorme prazer de dele fazer parte, e que era chefiado pelo atual candidato a Presidente do Conselho de Arbitragem da FAP, Sr Antonio Jose Goulao, e que para alem de mim, teve como colaboradores pessoas atualmente ligadas ao CA da FAP, como sejam os casos de Manuel da Conceião, Joao Costa, e ainda Joaquim Mateus, Joao Castro, Antonio Nunes, Polibio Pereira ( infelizmente ja falecido ), entre outros.

Todos nos nessa epoca dedicamos e disponibilizamos o nosso tempo, em prejuizo da nossa vida familiar e profisssional, para durante 8 dias e quatro vezes numa epoca desportiva, acompanharmos os jovens arbitros indicados pelas varias Associaçoes Regionais a estarem presentes nos tão famosos, como criticados Encontros Nacionais de Infantis Masculinos e Femininos, ( ENIM ) e ( ENIF ), realizados pela altura do Carnaval e das Ferias da Pascoa, em locais tão dispersos como Vila Flor, Castelo Branco, Fundão, S. João da Madeira, etc, etc, etc.

Eram nesses encontros com jogos a começarem as 9 da manha e a terminarem muitas das vezes apos as 21 horas, que se formaram árbitros como o Eurico Nicolau, Ivan Caçador, Ricardo Vieira, Duarte Santos, Daniel Martins e o seu irmão Roberto, Jose Bessa, Pedro Fontes, Mario Coutinho, Ramiro Silva, Carlos Capela, Bruno Rodrigues,Ana Afonso e muitos outros, que por razões que para aqui nao são chamadas, mas que em breve irei tocar nelas, abandonaram a arbitragem.

E acreditem ou não muitos destes árbitros quando chegaram junto de nós vinham das suas associações e por força da fraca competição regional, com dois ou três jogos apitados, o que equivale a dizer que muitos deles nem no apito sabiam pegar.

Pelo esforço que todos fizemos no sentido de os ajudar e ensinar verificamos  no final das provas que muitos deles evoluíram a olhos vistos de dia para dia, isto porque para alem dos jogos que apitavam tinham no fim do dia de competiçao que estar presentes nas chamadas reuniões técnicas, onde lhes eram tiradas as todas duvidas que tinham e onde lhes eram transmitidas indicações e instruções para que no dia seguinte pudessem estar melhor que no dia anterior

Todo este esforço e dedicação por parte de todos aqueles que integraram aquela equipa de trabalho que durou cerca de 10 anos foi extremamente compensador, pois desse trabalho  sairam as duplas internacionais ( IHF), Eurico Nicolau / Ivan Caçador e Duate Santos / Ricardo Vieira, e a dupla EHF Roberto e Daniel Martins para alem de terem saido arbitros que atualmente e há já alguns anos integram os anteriores árbitros de elite e atuais arbitros de nivel 4 como são os casos do Ramiro e Coutinho, Capela e Bruno, Bessa e o Fontes, Ana Afonso.

Extinto esse grupo de trabalho pergunto: QUAL A FORMAÇAO ATUAL DA FAP?

Pelo que tenho visto ela praticamente não existe, isto porque os arbitros indicados pelas Associações Regionais participam numa unica competição de 3 dias na zona sul do pais e seguidamente são árbitros Nacionais de Andebol, porque na realidade a FAP tem extrema necessidade de árbitros.

Segundo informações de arbitros que estiveram presentes nessa prova para fazerem exames para arbitros Nacionais não havia no final do dia qualquer tipo de reunião tecnica o que significa que os árbitros se tinham duvidas, com elas ficavam e cada um apitava como lhe parecia ou apetecia

È isto FORMAÇÂO?

Na minha modesta opinião nao é.

E porque entendo que nao é, e porque comparando tempos antigos com atuais verificamos que o extinto departamento de formaçao pos tres duplas internacionais, duas IHF e uma EHF e uns quantos arbitros nacionais no nivel 4, e o atual departamento apenas conseguiu uma dupla EHF, ( Daniel Freitas e Cesar Carvalho ) e uma ou duas duplas no nivel 4.

 Espero e desejo que o novo conselho de arbitragem que for eleito pelo menos possa tentar voltar aos tempos antigos e ter  um departamento de formaçao ativo, empenhado e que queira como nos quisemos formar arbitros e melhorar a nossa arbitragem.

Se os vencedores das eleições forem as mesmas pessoas que no antigamente chefiaram e participaram nesse departamento, e que fazem parte da lista a votaçao para aquele orgão federativo, pelo menos olhem para traz e vejam aquilo que fizeram e voltem a ter uma formação como aquela que tiveram e que sejam os grandes responsaveis pelo melhoramento e desenvolvimento da arbitragem nacional.

Ter mais arbitros, a qualquer custo não e solução nem melhora a arbitragem, mas ter mais arbitros e devidamente formados e acompanhados, isso sim, e desenvolver e melhorar a arbitragem.

Já me alonguei o bastante neste tema, que de todo não esta fechado, pois pretendo a ele voltar mais tarde, com algumas ideias sobre formação, mas por agora fico por aqui.

Espero dentro de algum tempo poder ver outra vez a FAP a ter formação de árbitros jovens.